quinta-feira, 9 de junho de 2016

Os mapas cor-morado, ou dibuxar a túa mirada.

No último quartel do Século XIX surgiu a certos políticos portugueses a ideia de formar um vasto domínio em África Central que, atravessando o continente de parte a parte, desse continuidade aos territórios de Angola a Moçambique [...] de modo que o Mapa Cor-de-Rosa traçado alargava as posses de Portugal na África até abarcarem "do Atlántico ao Índivo".

Ramon Lôpez-Suevos Fernández, "Dos mapas Cor-de-Rosa. Agália, outono 1987.


Se eu tuvera fame
nun había ser cartógrafo de nada.

Moncho Martínez Castro, "El cartógrafo" Cartografía de nayundes, Trea, 2009.


Hei ser cartógrafo
del dolor da túa pel.
Hei ser testigo
xordo
        mudo
                cego
dos silencios gravados a escala
nos mapas escuros
de noite zarrada.

Hei ser cartógrafo de naiundes,
que é el tou destín.
E condo al fin despertes á vida
hei ser cronista secreto
dos ameiceres máis dulces.


Estoupanme os ouguidos
colos berros del silencio.
Estoupanme os ouguidos
colo que non se diz.
Estoupanme os ouguidos
pero namais tu sangras
por us ollos
cansos de chorar.

Se eu fose paisano
habría dibuxar outros mapas,
noutros coiros,
a punta de navalla.
Pero non soi máis que neno
e hei dibuxar mapas tristes
de trazos imprecisos
a golpe de lágrima.

Outros,
valentes paisanos,
paisanos, paisanos,
paisanos-nada,
han dibuxar
mapas de imperios
                           reinos
                                    dominios
imaxinados
con tinta morada.
Cren poseerte
e non poseen nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário